quarta-feira, setembro 27, 2006

As grades e Ela


Está na hora do banho de sol, onde ela ficará livre por alguns instantes, daquelas grades de ferro que a corrompe. Trancada há anos já nem sabe em que estação se encontra e o que se passa lá fora. Por trás do cárcere privado já não vê amigos, parentes e nem marido, pois visita íntima foi cancelada.
Acabam-se os instantes de luz, e ela volta para as trevas, à escuridão da caverna da solidão. Lá ela pensa em milhões de coisas, e a coisa que ela mais tem lá é tempo, para pensar, chorar e se martirizar. As mesmas faces sofridas que vê todos os dias a torna mais desanimada para pensar no demorado futuro. O lugar é sujo e assombrado, lhe causando deveras vezes pânico, a vida ali não é de se dar gosto.
Passam-se dias e horas, o sol nasce e se põe, e tudo parece estagnado em momentos desonerados, obrigados e alienados. A comida já não entra mais, a dor de está longe dos filhos já não agüenta mais, dormir no chão já não suporta mais, a solidão a constitui cada vez mais.
Enquanto sua liberdade não chega, o aval da libertação não aconchega, ela continua trancafiada por trás das grades enferrujadas, olhando para o cadeado que tranca sua vida, cochila para esquecer que ali se abriga.

2 comentários:

Anônimo disse...

q texto triste...
eu sei que as vezes nós 2 pensamos mto diferente uma da outra.... sei tbm que tu não vais concordar com o que eu vou falar, mas....

se ela está ali, atraz daquelas grades, foi pq alguma coisa de errado ela fez....

beijos Gayb's

Mario Davi Barbosa disse...

Quanto tempo ela terá de cochilar?
Quanto tempo ela terá?
Existe tempo, noção... resignação?

O mundo não a espera
Não há mais espaço pra ela
Sues filhos não a conhecem mais
Parentes não acham que ela é capaz

O mundo gira, o tempo: não sei
Se pra ela não há noção de tempo
Que não seja guardado no pensamento:
"Lembro bem do dia em que cheguei!"


Questionando as palavras da Amiga Mag:
Concordo plenamente que, se ela está ali é porque algo ela fez. Porém, concordo também, e temos de convir nesse ponto, que nem todas as pessoas que "FAZEM ALGO ERRADO", estão onde, em tese, deveriam estar, e que pessoas que fazem muito mais do que furtar um pacote de margarina (exemplo), também não estão ali e isso as pessoas - a maioria - não contesta.
E mais, não é só porque alguém "faz algo errado" socialmente, esse alguém deve ser tratado como um animal, selvagem e sem direitos, coisa que não acontece em nossa situação.

Voltando à mulher:

O tempo ela perdeu!
O mundo fez quetão de "perder ela"!