terça-feira, setembro 12, 2006

Aquela Mulher


O rosto sofrido daquela mulher
Mulher sofrida que camufla sua dor
A mesma dor que corrói seus filhos
Os filhos daquela que apanha calada


O corpo sofrido expõe hematoma
A alma dilacerada, rasgada em pedaços
As mãos sofridas, lavam, esfregam e
cobrem o rosto para ocultar o choro


Com sofreguidão aguça o coração
Coração escondido na interna da solidão
O coração que agüenta os lamentos
Daquela mulher.


Lamentos que nunca acabam
Que tudo consola na outrora por ali a fora
Suplicando por piedade leva a vida
na sociedade, na vontade, na eternidade.


Ninguém vê e todos vêem
Aquela mulher que chora baixinho
Aquela que vive no ninho
No ninho sombrio


O suspiro acelerado, deturpado, amedrontado
O sofrimento abafado, lamentado, rasgado
Assustam aquela que se aflige
Que sofre, padece, tolera
Que só ela sabe o que espera, e o que já era.

5 comentários:

Mario Davi Barbosa disse...

Aquela mulher foi ensinada para dor, aquela mulher foi criada para apanhar, aquela mulher é o resultado de uma sociedade violenta e que todos aceitam, porque sempre foi assim.

A violência dá dois caminhos: o do opressor e do oprimido, cada um sabe o seu lugar, a sua função.

"Aquela mulher não sabe porque apanha, mas alguém sabe porque se bate". Quem sabe? Eu você?
Quem vai parar de bater e iniciar um diálogo?
Quem vai mostrar sua força com uma boa conversa?
E quem vai deixar de agredir pra começar a pensar e ver que não pode, sequer, formar uma simples frase sem, ao menos, gaguejar?

Qual será a saída pra essa violência que se aprende desde pequenino, com a televisão e seus desenhos, novelas, séries; com a visão do casal que briga e se bate; com os irmãos que briguam, os namorados, os desconhecidos, os inimigos?

Em meio a isso, a palavra não tem sentido, nem a palavra que exprime dor, nem a palavra que exprime a iria, o amor, enfim, o sentmento.

Anônimo disse...

esse poema é teu???

ele é triste... mas cheio de verdades... gostei!!!

bju pikena

Anônimo disse...

Oi Gaby!!!!!
tá bem massa teu blog!!!
bjsss

Anônimo disse...

Pra mim a violencia é anterior aos ensinamentos da televisão. A violencia surge com a necessidade de subexistir, com o espaço que é reservado em meio a esgoto, sujeira e maldade. A violencia p/certas pessoas já começa antes de nascer, qnd o filho luta p/sobreviver na barriga da mãe q tenta mata-lo(Fuma, Bebe e mal se alimenta). É através dessa relação, passar f0me, passar fri0. Tudo é violencia q vem antes da televisão, não é ensinada e nem pregada. É Sentida na pele, sentida na alma, é dessa violencia q surge as outras violencias. Onde a violencia passa a ser a sua unica forma de relação com o mundo do asfalto, porque é assim q o mundo do asfalto se relaciona com o outro mundo.

Mario Davi Barbosa disse...

Que tipo de violência(s) estamos falando? Será que existe uma única forma de manisfetação da(s) violência(s)? Falar em violência pré-concebida/existida é também falar de um sistema que por si só gera violência(s), pela fome, por precárias condições de vida, e assim vai, e é também chamar a atenção para essa forma de violência, que se diferencia da violência aprendida, não só na televisão - acredito que fui mal interpretado, mas também no dia-a-dia, porque a sociadade que nos concebe possui um carga imensa de violência(s) em suas relações.

Mas para voltar ao assunto cetral (o do texto), penso que aquela mulher é a reprodução de um "modus vivendi" violento e aquela mulher foi, realmente, ensinada para a violência, com a aceitação do seu papel de submissa, com o silêncio, os hematomas, as lágrimas dos filhos e os estigmas que os mesmos, talvez, levarão para toda a vida, e, por fim, com a prórpia fome, com o desgosto da cria gerada sem o querer materno, sem o poder aquisitivo da família que passará fome e que viverá num ambiente sub-humano.