domingo, outubro 15, 2006

“Sei que nada sei”


O grande filósofo que habitava em Atenas, já dizia que nada sabia. Sócrates andava pelas ruas questionando as pessoas, ensinando-as e as fazendo pensar. Na Grécia antiga especificamente na polis Atenas estavam naquela época instaurando a democracia, este espaço foi cenário de inovação, existia na cidade por volta de 300.000 mil pessoas,mas apenas 40.000 eram cidadãos, ou seja, tinha a democracia nas mãos e poderiam decidir, mas a participação efetiva na assembléia raramente superava 5.000 cidadãos.

O ilustre filósofo foi acusado de desrespeitar os Deuses e corromper os jovens. Em seu julgamento preferiu a morte ( não suplicando por perdão) do que renunciar a filosofia. Não escreveu nada, enquanto a produção literária no seu tempo era abundante, seus discípulos fizeram esse papel, principalmente Platão que faz um retrato fiel das falas de Sócrates, em seu julgamento. Por falar em julgamento, é sabido que o filósofo grego foi obrigado a suicidar-se, tomando um veneno, condenado a pena de morte.

Sua morte se deu por aqueles que se sentiam ameaçados, por motivo muito simples, os “dominadores” da época não desejavam “cabeças” pensantes, pois não iriam conseguir manipular tão facilmente, alem do mais, escravos e estrangeiros (chamados de metecos) não eram considerados cidadãos da Polis. Havia inúmeros sofistas que se sentiam prejudicados, pois cobravam para lecionar e Sócrates nunca recebeu dinheiro em troca de ensinamentos.
Traçando um paralelo até os tempos atuais não mudou muita coisa, uma cidade democrática (Atenas) que nega a sua democracia ao reprimir alguém que fala o que pensa, porém a questão ainda não é essa, e sim já se passaram tanto tempo desde a tentativa de instauração da democracia, e vejamos hoje, como ter democracia ou ser democrático num país (Brasil) que passa fome, que pede esmola, e que chora?

Os detentores do poder continuam no mesmo lugar, reprimindo as mesmas pessoas, os ditos dominadores que não “querem largar o osso”, esses mesmos que não desejam e restringem “cabeças” que pensam, pois a partir de um pensamento politizado pode-se mudar algo em uma sociedade, não podendo manipular tão fácil os desfavorecidos, ignorantes e analfabetos, assim esses mesmos lutarão e cobraram seus direitos como cidadãos pertencentes a um Estado democrático.

Um exemplo em que se pode ter uma percepção clara de tudo que se foi falado ( cabeças pensantes) é na própria educação. Algumas (muitas) instituições de ensino da rede pública, só tem a matéria Sociologia e Filosofia (quando tem) no último ano do ensino médio. Porque? Simplório: faz pensar nas mazelas e alienações que os abarcam. Ainda esses pobres cidadãos deveriam ter nas escolas publicas uma matéria sobre seus direitos, o mínimo de direito que ainda lhes resta. Mas isso não passa de utopia, quem pode fazer isso não tem interesse, os que podem mudar não querem, não se esforçam, pois senão perderão seus postos. De manipulados do futuro, e ainda dirão que sabem do que precisamos. Mas quem sabe do que precisamos? Até Sócrates disse que não sabia, e olha que ele foi nomeado pelo oráculo de Delfos o homem mais sábio de Atenas. Então meus caros dominadores, vocês tem muito que aprender ainda.