
Está na hora do banho de sol, onde ela ficará livre por alguns instantes, daquelas grades de ferro que a corrompe. Trancada há anos já nem sabe em que estação se encontra e o que se passa lá fora. Por trás do cárcere privado já não vê amigos, parentes e nem marido, pois visita íntima foi cancelada.
Acabam-se os instantes de luz, e ela volta para as trevas, à escuridão da caverna da solidão. Lá ela pensa em milhões de coisas, e a coisa que ela mais tem lá é tempo, para pensar, chorar e se martirizar. As mesmas faces sofridas que vê todos os dias a torna mais desanimada para pensar no demorado futuro. O lugar é sujo e assombrado, lhe causando deveras vezes pânico, a vida ali não é de se dar gosto.
Passam-se dias e horas, o sol nasce e se põe, e tudo parece estagnado em momentos desonerados, obrigados e alienados. A comida já não entra mais, a dor de está longe dos filhos já não agüenta mais, dormir no chão já não suporta mais, a solidão a constitui cada vez mais.
Enquanto sua liberdade não chega, o aval da libertação não aconchega, ela continua trancafiada por trás das grades enferrujadas, olhando para o cadeado que tranca sua vida, cochila para esquecer que ali se abriga.
